sábado, 27 de agosto de 2011

NOTÍCIA


The New York Times, 25/08/2011 
Novas escolas redefinem o ensino a distância nos Estados Unidos 
Tamar Lewin

As universidades de Harvard e a Estadual de Ohio não vão desaparecer tão cedo. Mas várias novas empresas online estão tornando mais barato, rápido e flexível obter um diploma superior, levando a experiência de trabalho em consideração. Assim como a Wikipédia mudou todo o mercado de enciclopédias e o iTunes mudou o mercado de música, essas empresas têm o potencial de mudar o ensino superior. Ryan Yoder, 35 anos, um programador de computadores que completou 72 créditos na Universidade da Flórida anos atrás, se matriculou em uma empresa chamada Straighterline, pagou US$ 216 para fazer dois cursos de Contabilidade e um de Comunicação Empresarial e, um mês depois, transferiu os créditos para a Faculdade Estadual Thomas Edison em Nova Jersey, que lhe concedeu um diploma de bacharel em junho. Alan Long, 34 anos, paramédico e bombeiro, usou outra nova instituição, a Learning Counts, para criação de um portfólio que incluía suas certificações e uma descrição do que aprendeu no trabalho. Ele pagou US$ 750 para a Learning Counts e obteve sete créditos na Universidade de Ottawa, no Kansas, onde teria pagado US$ 2,8 mil para obtê-los em uma sala de aula tradicional. 

E Erin Larson, que tem quatro filhos e trabalha em tempo integral em uma emissora de televisão, mas desejava se tornar professora, pagou US$ 3 mil por semestre para a Universidade dos Governadores do Oeste para o máximo de aulas que podia acomodar – mais uma visita semanal de um monitor. “Em qualquer outro lugar, isso teria me custado três braços e pernas”, disse Larson, 40 anos, “e, como uma adiadora certificada, eu considerei a visita semanal muito útil”. Para aqueles que têm tempo e dinheiro, a residência de quatro anos em um campus ainda oferece o que é amplamente considerado como a melhor experiência educacional. Os críticos temem que os cursos online sejam menos rigorosos e mais vulneráveis a trapaças, e que a ênfase deles em fornecer credenciais para empregos específicos possa minar a missão tradicional de encorajar o pensamento crítico. Mas a maioria dos especialistas concorda que, dada a explosão de tecnologias, a redução das verbas das universidades e a expansão do universo de pessoas com expectativa de obtenção de diploma superior, não há um fim em vista para os novos programas que preparam os estudantes para carreiras em áreas de alta demanda, como administração, ciência da computação, atendimento de saúde e justiça criminal.

Chester E. Finn Jr., um membro sênior da Instituição Hoover e presidente do Instituto Thomas B. Fordham, previu que todas, exceto a faixa mais elevada das universidades existentes, mudariam dramaticamente à medida que os estudantes recuperassem o poder em um mercado em expansão. “Em vez de se alimentarem com um prato principal de quatro anos em uma faculdade, é mais como beliscar aqui ou acolá ou ir a um bar de petiscos”, disse Finn, “com as pessoas montando um ensino superior a partir de várias fontes diferentes”. Apesar de muitos estudantes nas instituições nascentes oferecerem críticas excelentes e histórias de sucesso, um recente estudo da Faculdade dos Professores da Universidade de Columbia, que monitorou 51 mil estudantes de faculdades comunitárias no Estado de Washington por cinco anos, apontou que aqueles com o maior número de créditos online eram os que apresentavam menos probabilidade de se formar ou de se transferir para uma instituição de quatro anos. E professores tradicionais como Johann Neem, um historiador da Universidade do Oeste de Washington, consideram lugares como a Universidade dos Governadores do Oeste como anti-intelectuais, notando que sua propaganda enfatiza quão rapidamente os estudantes podem obter créditos, não o quanto aprenderão. 

Fazer um curso online, por conta própria, não é o mesmo que estar em uma sala de aula com um professor que pode tirar suas dúvidas, apresentar pontos de vista diferentes e pressionar você a resolver um problema”, disse Neem. “Há muita pornografia e religião online, mas pessoas ainda mantêm relacionamentos e se casam, e frequentam a igreja e conversam com um pastor.” Mas Anya Kamenetz, cujo livro de 2010, “DIY U: Edupunks, Edupreneurs and the Coming Transformation of Higher Education”, monitora a nova onda de esforços de ensino baseados em internet, diz que as novas instituições continuarão melhorando e expandindo. “Para algumas pessoas, significará passar de um bom ensino para um ótimo”, ela disse. “Para outras, significará ter algum tipo de educação, em vez de nada.” A lista crescente de novas ofertas é surpreendentemente variada, assim como as instituições. Uma nova instituição sem fins lucrativos ainda não reconhecida, a Universidade do Povo, dá aos alunos de língua inglesa com ensino médio completo a chance de estudar administração ou computação gratuitamente, com professores voluntários.

Também há joint ventures entre campi tradicionais e entidades online, como o Ivy Bridge College – uma colaboração entre a Universidade Tiffin, uma escola sem fins lucrativos em Ohio, e a Altius Education, uma empresa comercial –, que oferece diplomas online em dois anos, transferíveis para dezenas de faculdades parceiras com cursos de quatro anos. E organizações populares sem fins-lucrativos, como a Peer 2 Peer University, onde as pessoas iniciam grupos de estudos sobre assuntos tão diversos quanto linguagem Java e arte barroca. Em todos os Estados Unidos, quase três quartos dos estudantes universitários frequentam instituições públicas, e cursos profissionalizantes como a Universidade de Phoenix e Kaplan agora são responsáveis por quase o quarto restante, assim como universidades particulares sem fins lucrativos tradicionais, como Stanford ou Duke. Muitos dos modelos emergentes são bem mais baratos do que os cursos profissionalizantes públicos, que ao longo do ano passado sofreram enorme escrutínio, por deixarem os estudantes com montanhas de dívidas e credenciais de pouco valor. A maioria ainda é nova e muito pequena, o que dificulta encontrar os estudantes que as frequentaram, fora aqueles indicados pelos próprios cursos.
 
E ainda é cedo demais para saber quais decolarão, ou o que poderia surgir para sobrepujá-las. “Eu estou apenas esperando por uma Universidade Wikipédia, com cursos online de alta qualidade, de fonte aberta, ministrados por pessoas diferentes”, disse Richard Vedder, um professor de economia da Universidade de Ohio que dirige o Centro para Produtividade e Custo Acessível Universitário. “Ou o momento em que alguém como Bill Gates criará a Universidade Superastro, encontrando os melhores professores para os 200 cursos que uma boa faculdade oferece, e pagando US$ 25 mil para cada um deles disponibilizar suas aulas online.” Universidade dos Governadores do Oeste: Visitas semanais de um monitor. Há 15 anos, lamentando o custo elevado do ensino superior, os governadores de 19 Estados do Oeste decidiram lançar uma instituição online sem fins lucrativos para ajudá-los a atingir sua meta de uma força de trabalho capacitada. O resultado, a Universidade dos Governadores do Oeste, oferece cursos de educação, administração, profissionais de saúde e tecnologia da informação. Tudo é online, exceto do necessário para as aulas práticas obrigatórias. A maioria de seus 25 mil alunos tem mais de 25 anos e já obteve anteriormente algum crédito universitário. Em vez de serem obrigados a dedicar certo número de horas para obter certa sequência de créditos, os estudantes da Governadores do Oeste devem mostrar “competência” por meio de tarefas e provas monitoradas.

Marie Hermetz, que pagou para a Governadores do Oeste aproximadamente US$ 9 mil para conseguir seu mestrado em Administração de Assistência Médica, disse que soube do programa pelo noticiário e acabou trocando um que acabaria custando até US$ 40 mil. “Frequentando uma aula de cada vez, eu talvez nunca me formasse”, disse Hermetz, 43 anos, que tinha um diploma de bacharel em matemática. “Desse modo, foi preciso menos de 18 meses. E sempre que me deparava com dificuldades, meus professores sempre ajudavam, por meio de seminários pela internet, telefonemas ou por e-mail.” Na verdade, a Governadores do Oeste não possui “professores” no sentido habitual: o currículo online não é desenvolvido pela universidade, mas escolhido por especialistas de fora, e os estudantes contam com “monitores de curso” com diplomas acadêmicos. Além disso, para compensar o isolamento de estudar pela internet, cada estudante tem um monitor que visita toda semana. Nos espaços onde os estudantes avaliam os programas online, a maioria das pessoas só tinha coisas boas a dizer sobre a escola; entre aquelas que não, as queixas geralmente eram sobre monitores inúteis, ou a mudança excessiva de monitores. (Alguns poucos também se queixavam de que a escola não aceitou transferência suficiente de seus créditos.) Os monitores, que são responsáveis por 80 estudantes de cada vez, podem ver quando cada um está conectado e quanto trabalho ele ou ela concluiu. 

Segundo um recente estudo da Escola de Educação da Universidade de Stanford, o “aconselhamento” sobre gestão do tempo e estabelecimento de metas aumenta a probabilidade dos estudantes se formarem nas faculdades tradicionais, um efeito que pode ser ainda mais forte entre os estudantes online, que têm menos ligação com sua escola. “O contato humano com o monitor, que cobra: ‘Você estudou aquele capítulo, você tem alguma dúvida?’ foi chave”, disse Hermetz. “Há uma comunicação constante. Eu estou certo de que não é para todos, mas quando você é mais maduro e realmente quer que algo seja feito, eu não consigo imaginar um modo melhor.”

terça-feira, 23 de agosto de 2011

NOTÍCIA

Gazeta do Povo, 23/08/2011 - Curitiba PR 

Evasão do Prouni
Um balanço do Ministério da Educação mostra que um em cada quatro estudantes bolsistas do Prouni (Programa Univer­­sidade para Todos) abandona o programa. São estudantes de baixa renda que têm no Prouni uma oportunidade de se formar em uma faculdade particular. Boa parte saiu de forma positiva, abrindo mão do programa para estudar em outras faculdades, sejam públicas ou privadas, sem precisar do auxílio. Mas ainda há uma parcela que abandona a graduação por uma deficiência na educação básica. São alunos que têm dificuldade de acompanhar as aulas por sentirem dificuldades elementares, que deveriam ser sanadas nos ensinos fundamental e médio. Assim, os números de evasão do Prouni devem ser bem analizados, com uma metodologia precisa, para que sirva como mais um instrumento de diagnóstico de nossa educação superior e para que o objetivo do programa, que é dar possibilidade de alunos de baixa renda terem acesso ao ensino superior, se cumpra com eficiência.

OPINIÃO



Folha de São Paulo, 23/08/2011 - São Paulo SP 

Qualquer curso pode ser feito por qualquer jovem. Mesmo. De preferência, um que não o faça sofrer muito ROSELY SAYÃO


NESTE MOMENTO, muitos jovens estão preocupados ou ansiosos em demasia com o que os espera no futuro próximo em relação aos estudos. São eles os que irão iniciar o ensino médio no próximo ano letivo e os que estão prestes a terminar o mesmo ciclo. O motivo? A escolha que terão de fazer para o ingresso na faculdade. Eles acreditam existir um curso -UM!- que dará sentido à vida profissional deles. A escolha que farão terá de ser, portanto, exata, precisa. Não podem errar, não podem vacilar, não podem hesitar. Essa decisão, tomada perto dos 17 anos, deverá ser definitiva.

E dá-lhe orientação profissional, vocacional e coisa que o valha. Apesar disso, bem perto dos 45 minutos do segundo tempo, a maioria deles estará indecisa. E mesmo os que fizerem uma escolha duvidarão dela rapidamente. Cerca de 40% dos universitários desistem do curso que escolheram no primeiro ano da faculdade. O que foi que fizemos com os jovens para que eles caíssem nessa roubada? Contamos historias fantásticas a respeito da vida adulta profissional, construímos fábulas muito bem estruturadas sobre a vida e o trabalho, apontamos o êxito como meta de vida, associamos prazer no trabalho com felicidade, não é verdade? Isso sem falar no conto da vocação. E eles sofrem com as dúvidas mais do que certas que surgem nessa hora. Claro! Em um mundo com tantas profissões novas somadas às tradicionais mais as já desgastadas etc., o que priorizar? 

Depois, como reagimos quando eles entram na faculdade e não conseguem se comprometer mais com os estudos nem dar sentido ao que estão fazendo e comunicam isso de maneira um tanto quanto desajeitada?

Sentimos pena deles por terem de fazer uma escolha tão importante na vida assim, precocemente. É por isso que virou moda, na faixa de população com alto poder aquisitivo, fazer o filho tirar um ano sabático antes de escolher a faculdade e prestar o vestibular. "É um tempo bom para amadurecer", me disse um pai. Mas não é justamente para isso que serve toda a adolescência? Então, por que fizemos tanta pressão nos primeiros anos da vida deles? Por que exigimos que eles rendessem nos estudos na fase em que deveriam brincar? Talvez o sabático seja uma compensação que queremos oferecer em relação aos anos de infância que roubamos deles, não é verdade? O fato é que esses filhos que foram jogados no mundo do conhecimento sistematizado ainda na primeira infância, fortemente poupados da realidade o tempo todo, impedidos de crescer na segunda parte da infância e abandonados aos seus caprichos na adolescência não conseguem nem sequer enxergar o mundo em que eles vivem.

Esse mundo, que muda tão rapidamente, tão pleno de diversidades, complexidades e possibilidades, permite um leque enorme de trabalho dentro de uma mesma profissão. Então, por que tanto drama para escolher um curso? Qualquer curso pode ser feito por qualquer jovem. Qualquer mesmo. De preferência, um que não imponha a ele sofrimento demais considerando suas habilidades, seus interesses e suas preferência pessoais. E depois? Ora, chegada a maturidade, sempre há saídas virtuosas e honrosas para qualquer um. É só uma questão de comprometimento, de responsabilidade consigo mesmo, de esforço e perseverança. Mas tudo isso tem sido uma moeda rara na atualidade. Vamos facilitar a vida dos mais novos, vamos tornar essa escolha menos importante. Um curso universitário é só um curso, apenas isso. Jamais será definitivo na vida de alguém. Fazer o curso do começo ao fim, com todas as dificuldades, os dissabores e as frustrações encontrados no percurso é que pode ser algo valioso para o amadurecimento do jovem, muito mais do que o curso escolhido. Simples assim.

domingo, 21 de agosto de 2011

FGTS poderá ser usado para pagar instituições de ensino superior


 20/08/2011 - 13:40 h

 Os recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) poderão ser utilizados para pagar matrículas e mensalidades em instituições de ensino superior. O projeto (número 137/11), de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira, já recebeu o parecer favorável do relator da matéria, senador João Vicente Claudino (PTB), no Senado.

Ainda, de acordo com a matéria, os trabalhadores poderão usar os recursos do FGTS também para pagar dívidas inscritas no cadastro de inadimplentes. O senador João Vicente explica que a maioria da população brasileira possui renda limitada e que isso dificulta o acesso às universidades públicas.

De acordo com ele, isso acaba acarretando no ingresso de pessoas de baixa renda para as instituições privadas, que possuem altas mensalidades.

"Esse projeto possibilita que trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos possam recorrer ao FGTS para o pagamento de matrículas e mensalidades escolares em instituições de ensino superior e ensino técnico profissionalizante, credenciadas pelo MEC", explicou o senador petebista.

Sem condições de arcar com os altos custos das mensalidades, algumas pessoas acabam caindo no cadastro de inadimplentes. Pelo projeto, o prazo para cada utilização do FGTS para pagamento dessas dívidas seria de pelo menos 60 meses, preservando, ainda, a possibilidade de saque, durante este período, por outros motivos urgentes estabelecidos em lei.

"O FGTS poderia ser utilizado para tirar da inadimplência os trabalhadores mais carentes, livrando-os do ciclo interminável do endividamento", observou.

João Vicente citou que o Senado já apreciou outros projetos de financiamento dos gastos educacionais com universidade e citou o caso da matéria que permite o uso do FGTS para pagamento de encargos educacionais do trabalhador e respectivos dependentes, que foi objeto do projeto (nº 287/03), de autoria do ex-Senador Eduardo Azevedo.

"O projeto foi aprovado pelo Senado e encontra-se em tramitação na Câmara dos Deputados", comentou, acrescentando que o Senado também aprovou o projeto que permitiu a movimentação da conta vinculada para pagamento das prestações e do saldo devedor do Crédito Educativo e do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES).


Fonte: agencias  |  Editor: Orlando Portela

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

NOTICIAS

OAB cobra ensino jurídico comprometido com a democracia e justiça social


Ponta Grossa (PR), 03/08/2011 - O exagerado número de cursos de Direito em funcionamento no País -  aproximadamente,  1.200 - foi hoje duramente criticado pelo presidente nacional da Ordem do Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, ao abrir o Congresso dos Advogados de Ponta Grossa (PR) com a conferência sobre o tema "Perspectivas da Advocacia". Ele cobrou na oportunidade um ensino jurídico de qualidade no País, que seja comprometido com a democracia e com a justiça social. "Um Estado democrático de Direito, por definição pressupõe uma base legal que o sustente e, portanto, deve manter-se preocupado constantemente com um ensino de qualidade", afirmou.

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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

NOTÍCIAS


MEC proíbe instituições não educacionais de oferecer cursos de pós-graduação

Publicado em 04.08.2011, às 14h20


O Ministério da Educação (MEC) publicou nesta quinta-feira (4) novas regras que restringem a oferta de cursos de pós-graduação lato sensu (em sentido amplo). A partir de agora, instituições não educacionais – como sindicatos, organizações não governamentais (ONGs), conselhos de classe, universidades corporativas e hospitais –, que antes eram autorizadas a oferecer especialização, não receberão mais o reconhecimento do ministério. Cerca de 400 instituições não educacionais tinham esses cursos e 134 esperavam autorização do MEC para funcionar. A resolução que determinou as mudanças foi elaborada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologada pelo ministro Fernando Haddad.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

JUL27

7/27/2011 5:49 AM  

Fonte: Folha.com, 25/07/2011

O uso de tablets no lugar de livros didáticos pode até piorar o aprendizado dos alunos caso os professores não mudem a maneira como trabalham os conteúdos. Essa é a opinião do professor da Escola de Educação e da Escola de Engenharia da Universidade Stanford (EUA), Paulo Blikstein, 39, que desenvolve projetos com foco em tecnologia de ponta para uso em escolas. Em entrevista à Folha, ele defende a exclusão de conteúdos curriculares, especialmente nas áreas de matemática e ciências, e diz ser positivo o fim da obrigatoriedade do ensino da letra cursiva nos EUA. Formado em engenharia pela Escola Politécnica da USP, mestre pelo MIT Media Lab e doutor pela Northwestern University (Chicago), Blikstein estará no Brasil nos dia 17 e 18 de agosto, quando participa da Sala Mundo Curitiba 2011 --encontro internacional de educação que reúne educadores do mundo todo.
 
Folha - Você conhece experiências com o uso de tablets em sala de aula?
Paulo Blikstein - Aqui em Stanford teve um projeto com o apoio da Apple onde eles queriam substituir livros didáticos na faculdade por iPads. Foi feita uma pesquisa com professores e a conclusão geral é que a tecnologia ainda não está à altura do que se precisa numa escola. O tablet é muito pequeno, é muito difícil de fazer anotações, de visualizar várias coisas ao mesmo tempo. Por enquanto, o livro didático, pelo menos para nível superior --onde muitas vezes você trabalha com várias fontes ao mesmo tempo, precisa fazer anotações e cruzar informações de várias fontes-- você precisaria de um equipamento muito mais avançado para isso poder realmente substituir o livro didático. 

E em níveis mais básicos de ensino?
Em todos os programas que eu conheço, todo mundo sempre subestima a questão logística e a questão do custo de propriedade. Por exemplo, uma empresa que tem 1.000 funcionários e 1.000 computadores tem um departamento inteiro para cuidar daquilo. As pessoas acham que você vai dar 1.000 computadores para as crianças, e não tem ninguém para tomar conta disso, para consertar, atualizar, dar orientação. A questão logística é importante. As pessoas acham que o problema da educação é falta de acesso a tecnologia, e não é. O problema é que querem usar os tablets exatamente do jeito que se usa um livro didático. Querem que as crianças sentem nas cadeiras e, em vez de o professor chegar lá e falar "abram seus livros", é "abram seus tablets". Usar um tablet, que é um material que custa caro, que é difícil de dar manutenção, que quebra, que tem uma série de problemas, do mesmo jeito que você vai usar um livro é um desperdício enorme de dinheiro. O que você precisaria é pensar quais são as novas formas de aprendizado que os tablets, os computadores permitem.

Algumas empresas dizem que haverá gráficos, tabelas dinâmicas e toda uma interatividade com o conteúdo e que isso seria diferente do livro didático. Mesmo nesse caso, você não vê uma mudança significativa?
Já tem muita interatividade em materiais online que já existem e nem por isso eles melhoraram significativamente o aprendizado. Você pode olhar uma animação num computador e entender aquele fenômeno de uma forma errada. A gente tem a ideia de que o visual é melhor do que o textual. Mas isso não é necessariamente verdade. Tem muitas pesquisas mostrando que às vezes o visual confunde mais do que o textual. Agora, tem coisas que são boas. Você pode demonstrar vários conceitos em ciência, física ou química melhor quando se tem essa ferramenta.

O que muda para o professor com o uso dos tablets?
A aula tradicional fica cada vez mais difícil de ser dada com esse tipo de tecnologia. Para o professor, os tablets vão trazer uma grande mudança de mentalidade porque você precisa dar aula de um outro jeito. Se não, vai ser como em várias escolas brasileiras, em que a aula na sala de informática às vezes é mais repressora do que na sala de aula, porque os professores ficam preocupados porque as crianças podem quebrar [o computador] ou começar a jogar um jogo.

Como deveria ser uma aula nesse novo formato?
Eu conheço, por exemplo, um projeto na Tailândia que um colega meu coordenou. O jeito que ele usou essas tecnologias lá foi: primeiro criar projetos relevantes para as crianças. Projetos ambientais ou urbanos. Ele levava as crianças, por exemplo, para um estudo do meio onde você tinha um problema ambiental, ou uma espécie que estava sendo extinta, ou uma espécie invasora que estava chegando, ou um problema de qualidade da água.
As crianças usavam os computadores para documentar o lugar, tirar fotos onde tinha o problema. Usavam sensores para medir as coisas e tentar entender cientificamente o que estava acontecendo. Depois levava tudo isso para a sala de aula e discutia com os alunos as hipóteses. Esse é um tipo de protótipo de projeto que acho superinteressante de fazer com tablets.

Você acha que o uso dos tabletes pode melhorar o aprendizado dos alunos?
Isso é mais ou menos como se eu perguntasse assim: "será que o uso de canetas na sala de aula pode melhorar o aprendizado?". Sem dúvida que pode, mas eu posso também usar as canetas de um jeito tão ruim que não faça nenhuma diferença. Agora, colocar o tablet numa aula tradicional, sem nenhuma adaptação do jeito que se ensina, sem nenhuma adaptação do material didático --que seja um pouco melhor do que simplesmente colocar umas animações dentro de um livro didático-- é um desperdício. Não vale a pena. A questão fundamental é desenvolver atividades em sala de aula e conteúdos que efetivamente usem as novas qualidades desse material. Isso é o que vai fazer os tablets valerem a pena. A questão é que essa é a parte difícil de fazer e é a parte que sempre não é feita.

Como você vê o Brasil em relação ao uso de tecnologias na educação?
Tem uma tradição no Brasil que vem desde o Paulo Freire de ouvir o aluno. Isso é uma coisa importante que em outros países simplesmente não existe. Eu tenho vários alunos de pós-graduação que vêm da Coreia, por exemplo, ou de outros países da Ásia, onde a preocupação com o aluno é muito diferente. A questão [nesses países] não é se o aluno está feliz aprendendo, se ele está gostando do que aprende, se está se interessando; é muito mais um regime de alta pressão para resultados, mas resultados que muitas vezes são vazios. O Brasil tem essa grande vantagem, que eu acho que a gente realmente se importa com o aluno, com o interesse do aluno, muito mais do que em outros países. O problema é que muitas vezes você não tem as ferramentas e o treinamento para fazer isso acontecer na sala de aula. Em relação a tecnologia, a minha percepção é que o foco ainda é muito no hardware, no equipamento, e muito pouco em treinar os professores para usar isso de uma forma interessante na sala de aula.
JUL28

7/28/2011 11:50 AM  

Fonte: Marcela Campos - Gazeta do Povo, 27/07/2011 - Curitiba PR
 
Nem tudo continua igual na escola de ontem e de hoje: nos últimos anos, por exemplo, a tabela periódica ficou maior, com o reconhecimento de novos elementos químicos. Da mesma forma, o currículo de Português foi atualizado depois que a língua ganhou outras regras de ortografia. A necessidade de mu­­danças, no entanto, não se limita aos conteúdos específicos das disciplinas. Se­­gundo estudiosos da educação, os estudantes do século 21 precisam desenvolver competências e habilidades que não eram tão importantes há 50 anos, mas que hoje são essenciais. “Essa noção de que a escola tem o dever de transmitir um conjunto organizado de informações e conhecimentos que vão durar para o resto da vida não se sustenta mais. O que os estudantes precisam em termos de educação é mais do que sentar e ouvir o professor discorrer sobre Matemática, Física ou Biologia. Hoje nós temos na ponta dos dedos qualquer informação que desejamos e há outras competências que os estudantes precisam absorver”, afirma Eduardo Chaves, que durante mais de 30 anos foi professor de Filosofia da Educação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e atual­­mente trabalha como consultor do Instituto Ayrton Senna e da Microsoft.

Além do conhecimento formal de Matemática, Português e Bio­logia, os estudantes devem ter capacidade de: questionamento, comunicação oral e escrita, empreendedorismo, trabalho em equipe e controle emocional. Alguém poderia perguntar “o que há de novo em tudo isso? Essas habilidades também não eram desejadas para o século 20 ou para épocas ainda mais distantes?” Para Chaves, a resposta é “não”. “Ficamos com a impressão de que essas competências sempre foram necessárias, mas não é verdade. Num passado um pouco mais recente pode ser que sim, mas não com a centralidade que elas têm hoje”, afirma.

Empreendedorismo - Um bom exemplo é a importância do empreendedorismo, aqui entendido tanto como a capacidade de abrir o próprio negócio quanto de inovar, de “fazer diferente”. O estudante do século 21 precisa  chegar ao mercado de trabalho consciente de que ter um diploma não é garantia de colocação com carteira assinada. “Cada vez mais as pessoas têm de encontrar um jeito de sobreviver sem contar com um emprego fixo, com registro em carteira, que garanta o seu sustento ao longo de 35 ou 40 anos. Mesmo que o indivíduo esteja empregado, muitas vezes ele precisa complementar a renda. As pessoas precisam se virar e muitas vezes criar negócios para suplementar a renda de um emprego ou da aposentadoria”, afirma. “Por causa dessas características o empreendedorismo se tornou importante”, explica Chaves. Segundo Pedro Demo, Ph.D. em Sociologia e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), estudos mostram que os trabalhadores nos Estados Unidos trocam dez vezes de emprego, em média, até a aposentadoria. Mesmo dentro da mesma empresa, a mudança é cada vez mais comum. “Na Finlândia, o trabalhador da Nokia fica só dois anos em uma ocupação e depois muda, para que volte a estudar. É preciso ter capacidade de se renovar constantemente”, ressalta. Segundo os pesquisadores, a disposição para questionar e se reinventar deve começar no processo educativo.

Trabalho em equipe - Com a globalização, as pessoas lidam com pessoas de culturas variadas e se confrontam com diferenças muito mais expressivas do que há 50 anos. Por isso, desde a escola, é necessário aprender a conviver de perto com opiniões diversas. “O estudante não deve ver as diferenças como desvantagem ou como inferioridade, mas como riqueza do mundo. É importante conviver, sobretudo diante da diversidade”, afirma Pedro Demo. Na convivência com o outro, também é importante ter inteligência emocional, ou seja, capacidade de se relacionar bem com as outras pessoas e controlar os próprios sentimentos para não explodir nos momentos mais difíceis. Segundo Emerson Barreto, gerente de atendimento pedagógico para o segmento de escolas particulares da Aymará Educação, é na sala de aula que o estudante aprenderá a trabalhar e conviver em equipe. Por outro lado, ele ressalta que a escola gasta muito tempo com o ensino de conteúdos conceituais e, por isso, muitas vezes não tem tempo para trabalhar outras competências.

Comunicação - Para trabalhar com outras pessoas, o estudante deve saber se expressar bem. É essencial que ele consiga argumentar e se expor publicamente. “Quantas vezes não precisamos fazer uma comunicação oral no nosso trabalho?”, questiona Emerson Barreto, da Aymará Educação. Em sua avaliação, porém, somente colocar os alunos para apresentar trabalhos diante da turma não é suficiente para desenvolver essa habilidade. Uma saída interessante, de acordo com ele, seria oferecer aulas específicas de oratória, a exemplo do que ocorre na high school, o ensino médio dos Estados Unidos, nos cursos de speech (“discurso”). Para Barreto, consumo consciente, educação financeira, preservação ambiental e administração do tempo também são temas importantes que deveriam ser trabalhados em sala. Com esse objetivo, ele afirma que a Aymará lançou neste ano o Programa Escola Inovadora, voltado para alunos da primeira etapa do ensino fundamental de colégios particulares. O programa traz um conjunto de recursos didáticos, para alunos e professores, além de serviços de apoio para as escolas.

Atitude investigativa - O padrão autoritário de ensino já não tem espaço na escola do século 21. Como o conhecimento hoje é extremamente mutante, pelo próprio avanço da ciência e pela facilidade de trocar informações, o professor precisa desenvolver no aluno a capacidade de pensar por conta própria e de pesquisar. “O que importa é produzir conhecimento e não transmitir informações, pois para isso basta a internet. O papel do professor é manter o aluno pesquisando”, diz Pedro Demo. Além de incluir a pesquisa como parte do método de aprendizagem, a escola deve respeitar o conhecimento do aluno, permitindo (e incentivando) o questionamento.

SEJAM BEM VINDOS!


Prezados educadores,

Esse blog foi criado para todos educadores que quiserem discutir sobre educação e temas correlatos. É um canal informativo, de troca de experiências e de conhecimento. Esperamos puder contar com as suas contribuições para melhorarmos nossa prática pedagógica e melhoria da educação superior em nossas instituições e em nosso Estado.  

terça-feira, 2 de agosto de 2011

FÓRUM EDUCACIONAL I


PORTARIA NORMATIVA Nº 16, DE 27 DE JULHO DE 2011

Dispõe sobre certificação no nível de conclusão do Ensino Médio ou Declaração de proficiência com base no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM. 
                                                                                                                                                                                                       
O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, INTERINO, no uso de suas atribuições, considerando o disposto na portaria 109, de 27 de maio de 2009 e na portaria nº 807, de 18 de junho de 2010, resolve:
Art.1º O interessado em obter certificação no nível de conclusão do ensino médio ou declaração de proficiência com base no Exame Nacional de Ensino Médio-ENEM, deverá atender aos seguintes requisitos:
I - possuir 18 (dezoito) anos completos até a data de realização da primeira prova do ENEM;
II - ter atingido o mínimo de 400 pontos em cada uma das áreas de conhecimento do ENEM;
III - ter atingido o mínimo de 500 pontos na redação.
Parágrafo único. Para a área de linguagens, códigos e suas tecnologias, o interessado deverá obter o mínimo de 400 pontos na prova objetiva e, adicionalmente, o mínimo de 500 pontos na prova de redação.
Art. 2º O INEP disponibilizará às Secretarias de Educação dos Estados e do Distrito Federal e aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia as notas e os dados cadastrais dos interessados.
Art. 3º Compete às Secretarias de Educação dos Estados e aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, definir os procedimentos complementares para certificação no nível de conclusão do ensino médio com base nas notas do ENEM.
§ 1º As Secretarias de Educação dos Estados e os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia poderão aproveitar as notas de uma ou mais áreas de conhecimento avaliadas no ENEM, de acordo com o interesse e a solicitação de certificação no nível de conclusão do ensino médio ou declaração de proficiência.
§ 2º É de responsabilidade das Secretarias de Educação dos Estados e dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia emitir os certificados de conclusão ou declaração de proficiência, quando solicitado pelo interessado.
Art. 4º A certificação pelo ENEM destina-se, prioritariamente, às pessoas que não concluíram o Ensino Médio em idade apropriada, inclusive às pessoas privadas de liberdade e que estão fora do sistema escolar regular.
Art. 5º A certificação pelo ENEM não pressupõe a freqüência em escola pública para efeito de concessão de benefícios de programas federais.
Art. 6º Fica aprovado, na forma do anexo a esta Portaria, o modelo para certificação de proficiência equivalente à conclusão do Ensino Médio para os fins da certificação da educação de jovens e adultos com base no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM.
Art. 7º Fica revogada a Portaria nº 183, de 22 de fevereiro de 2010.
Art. 8º Esta Portaria Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
JOSÉ HENRIQUE PAIM FERNANDES 
ANEXO 
ÓRGÃO/ESTABELECIMENTO DE ENSINO 
CERTIFICADO DE PROFICIÊNCIA EQUIVALENTE À CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO 
O [órgão/estabelecimento de ensino], tendo em vista o disposto nos arts. 36 e 38, § 1º, II, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, na Portaria Normativa nº 16, de 27 de julho de 2011 e considerando a proficiência atingida pelo interessado na prova de Redação e em cada uma das Áreas de Conhecimento abrangidas pelo ENEM, bem como o cumprimento dos demais requisitos legais para a conclusão do Ensino Médio 
CERTIFICA 
que _____________________ [nome], inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda - CPF/MF sob o nº _______________ [CPF], obteve proficiência equivalente à conclusão do Ensino Médio, estando habilitado para o prosseguimento de seus estudos.
__________________, __ de __________ de 2011.
____________________________ [nome do responsável]
D.O.U., 28/07/2011 - Seção 1


A portaria acima foi publicada pelo Ministério da Educação em 27 de julho de 2011 e permite que alunos do Ensino Médio que se submeterem ao Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM e obtiverem êxito, independente da série que estiverem cursando, receberão o certificado de proficiência equivalente a conclusão do ensino médio, podendo progredir com seus estudos nos cursos superiores. 

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