sábado, 27 de abril de 2013

Como a rede de ensino Kroton saiu do prejuízo, superou as concorrentes e agora forma, ao associar-se à Anhanguera, a maior empresa desse mercado no mundo

João Werner Grando, Revista Exame

São Paulo - Apenas três dias de negociações intensas selaram a criação do maior negócio de educação do mundo. A jornada começou na quinta-feira 18 de abril, às 2 da tarde, quando uma dúzia de assessores das redes de ensino superior Kroton e Anhanguera se fechou num escritório na zona sul de São Paulo.


De um lado, os executivos da Kroton, maior rede de faculdades do país em valor de mercado, com seu presidente, o executivo Rodrigo Galindo, dois sócios da Advent, fundo de private equity que investe na empresa, e advogados do escritório Barbosa e Müssnich, Aragão.
De outro, o presidente da Anhanguera, o paulista Ricardo Scavazza, os sócios do fundo Pátria, principal acionista da empresa, e a banca Mattos Filho. O time dormiu em média apenas 3 horas por noite até a assinatura do contrato, numa sequência de trabalho quase ininterrupta — com direito a pizza no escritório e cochilos no sofá. “Foi uma das negociações mais velozes e certamente a mais importante da minha vida”, afirma Galindo.
A união entre Kroton e Anhanguera, por meio de uma troca de ações estimada em 5 bilhões de reais, resultou numa empresa de proporções sem precedentes. É a maior do mundo, com valor de mercado próximo a 12 bilhões de reais — o dobro da segunda colocada, a chinesa New Oriental.
Cerca de 1 milhão de estudantes assistem a aulas em 120 campi e 600 operações de ensino a distância numa cobertura que chega a 500 cidades de todos os estados do país. No mercado brasileiro, o negócio projetou a nova companhia — que ainda não tem nome definido — bem à frente das demais concorrentes.
Juntas, Kroton e Anhanguera faturam o dobro da segunda colocada, a Estácio de Sá, controlada pelo fundo de private equity­ GP Investments. A associação entre as duas representa o ápice de um movimento de consolidação iniciado há cerca de cinco anos, período em que Kroton e Anhanguera empreenderam, respectivamente, 25 e 39 aquisições.
“Nenhuma outra fusão seria capaz de gerar uma empresa com o mesmo valor de mercado dessa nova companhia”, diz Ryon Braga, da consultoria especializada em educação Hoper.
Apesar de ter sido tratada como fusão, uma das empresas claramente deverá predominar. Com um valor de mercado maior, a Kroton saiu em diversos aspectos como vencedora no negócio. Ao final, os acionistas originais da rede ficam com mais da metade da nova empresa, terão sete dos 13 assentos do conselho e o presidente executivo será Galindo, que terá carta- branca para formar sua diretoria.
À Anhanguera coube três assentos no conselho e sua presidência, ocupada por Gabriel Rodrigues, parceiro do Pátria no investimento na Anhanguera. 
Virada
A dominância da Kroton, nesse caso, tem um caráter de virada. Três anos atrás, a empresa era uma espécie de lanterninha do mercado. Em 2009, o valor de mercado da Kroton era de apenas 20% do da Anhanguera.
A Kroton faturava menos da metade que sua concorrente e ainda tinha prejuízo. A própria capacidade de recuperação mostrada pela Kroton desde então contou como vantagem na hora de se associar à Anhanguera. De acordo com executivos próximos, a Kroton brigou lado a lado com uma proposta da concorrente Estácio de Sá, que também pretendia ficar com a Anhanguera. 
“Hoje, a Kroton é a empresa mais eficiente do mercado e essa característica contou a favor”, diz o executivo de um fundo que investe em empresas de educação. Os investidores gostaram: as ações da Kroton subiram 8%, as da Anhanguera, 7% — o que adicionou 700 milhões de reais ao valor de mercado das duas empresas no dia do anúncio da associação.
Segundo EXAME apurou, a habilidade política também ajudou na abordagem da Kroton, que soube aproveitar um momento de transição de poder na Anhanguera, até então a maior empresa do país em faturamento e número de alunos. No início deste ano, o fundo Pátria, do investidor Alexandre Saigh, vendeu parte de suas ações e retirou três representantes do conselho de administração.
Com isso, a presidência do conselho iria para as mãos de Gabriel Rodrigues, fundador da faculdade Anhembi Morumbi e um dos principais acionistas da Anhanguera.
Vendo esse rearranjo como uma oportunidade de negócio, a Kroton despachou um interlocutor à altura para tentar uma aproximação. O escolhido foi o empresário Walfrido Mares Guia, fundador da rede de escolas de ensino básico Pitágoras e acionista da Kroton, que partiu de Belo Horizonte para São Paulo a pretexto de parabenizar o amigo Rodrigues.
Era, na verdade, uma tática para iniciar a conversa sobre a associação com a companhia. A viagem aconteceu no dia 17 de abril. No dia seguinte, a tropa de negociadores das duas empresas se fechou para redigir os termos do contrato. 
A associação dá visibilidade inédita ao executivo paulista Rodrigo Galindo, de 36 anos. Seu nome como presidente da nova empresa foi consenso nas negociações. Espera-se que ele repita, em escala ampliada, o que conseguiu cumprir dentro da estrutura da Kroton. Em boa parte, a virada da rede tem a ver com sua chegada ao grupo, há apenas três anos.
Galindo entrou na operação depois que a universidade de seu pai, a Iuni, com operações em Mato Grosso, no Amapá e na Bahia, foi comprada por cerca de 200 milhões de reais. Ele começara a trabalhar na empresa do pai aos 13 anos, tirando cópias para os alunos da faculdade.
Aos poucos, passou por diversas áreas até conhecer a operação em cada detalhe. Seu pai foi um ávido comprador de universidades, e coube a ele o desafio de integrá-las. Foi quando desenvolveu um método de integração das unidades num tempo recorde de 90 dias, metade do que se fazia no setor. Os executivos do Advent, principal acionista da Kroton, logo viram nele um perfil raro no mercado. “Ele reunia experiência técnica e competência para ser um bom gestor”, diz Luiz Kaufmann, consultor que havia sido chamado para reestruturar a Kroton e contratar um executivo para tocá-la. 
À frente da Kroton, Galindo seguiu à risca a mesma receita que criou na Iuni. As faculdades passaram a abrir turmas somente com um número mínimo de alunos que permitisse que cada sala de aula fosse rentável.
Além disso, Galindo impôs um rígido controle de orçamento que obrigava gerentes e diretores a enviar um e-mail ao presidente caso precisasse gastar mais do que o previsto, mesmo em contas tão miúdas quanto a despesa com pizzas para os serões de fechamento dos balanços na área de controladoria. Em 2011, a Kroton já estava no azul, com margens parelhas com o setor.
A empresa deu início a uma nova fase. Em dezembro de 2011, a Kroton fechou a compra da Unopar por 1,3 bilhão de reais. A justificativa para um cheque sem precedentes na história do setor foi a operação de ensino a distância da rede paranaense criada pelo empresário Marco Antonio Laffranchi, hoje sócio da Kroton. Seis meses depois, a empresa fechou a compra da catarinense Uniasselvi e se tornou a líder no país em ensino a distância, uma categoria em que a Kroton não atuava até então. 
Com essas operações, as margens melhoraram e a empresa fechou o ano passado com lucro de 200 milhões de reais — 25% mais que a segunda melhor, a própria Anhanguera, e o dobro da Estácio. O aumento na rentabilidade levou a Kroton a se tornar a rede de ensino superior com maior valor em bolsa do mundo no final de 2012 — posição que se consolida agora com a associação com a Anhanguera. 
Na nova empresa, Galindo já sabe que não poderá dispor dos mesmos recursos que utilizou em ocasiões anteriores. Até então, ele se valia de uma equipe composta de cerca de 30 profissionais que conseguia incorporar as faculdades de médio e pequeno porte adquiridas em apenas três meses. Desta vez ele pretende contratar uma grande consultoria para ajudá-lo no processo.
Caberá a ela fazer a análise preliminar das potenciais sinergias até a aprovação definitiva do Cade, órgão de proteção da concorrência. “Devemos levar mais de um ano para integrar tudo”, diz Galindo.
Um obstáculo deve aumentar a complexidade do que já é por definição uma tarefa difícil — o estado atual da Anhanguera. Embora seja considerada uma boa empresa, ela foi bem menos feliz que a Kroton ao integrar suas aquisições passadas. Estima-se que um quinto do total de alunos ainda estude com currículos diferentes do padrão da empresa, o que deixa sua operação mais cara.
Uma das mais difíceis de digerir é a Uniban, rede paulista adquirida por 510 milhões de reais em 2011. Além de ser uma das menos eficientes do mercado, a empresa era uma das campeãs de reclamação no Procon.
“A Anhanguera fez opções piores e tinha métodos menos eficazes de integrar as empresas compradas. Por isso, ela não manteve o mesmo padrão de ensino em cada unidade”, diz Braga, da consultoria Hoper. “Nivelar a rede é um dos principais desafios da nova companhia.” Em 2011, a Anhanguera chegou a ser notificada pelo Ministério da Educação pela discrepância de qualidade de suas unidades.
Atualmente, segundo a empresa, todas as suas faculdades já integradas têm nota igual ou superior a 3, numa escala de 1 a 5, na avaliação conhecida como IGC, sigla para Índice Geral de Cursos. Desafios à parte, a nova empresa já nasce mais eficiente que as outras empresas do setor com capital aberto. Sua margem operacional, de 23,5%, é 8 pontos percentuais acima da Estácio de Sá, concorrente mais próxima.
Sem controlador
Na nova estrutura de comando da empresa, Galindo terá mais autonomia do que nunca para tocar a operação. O fundo Pátria, que tinha 82% na época da abertura de capital da Anhanguera seis anos atrás, hoje é dono de 10% das ações. O Advent, que chegou a ter 28% da Kroton, vendeu parte de suas ações e hoje é dono de apenas 10% do capital da empresa.
Nenhuma outra empresa do setor terá o capital tão pulverizado — no caso da Estácio, a GP Investments ainda mantém uma participação de 10%.
Na nova empresa, ninguém terá mais de 6% das ações. Essa é uma vantagem e também um risco em potencial. Em outros setores, empresas que perderam um controlador forte — como a incorporadora Gafisa — também viram a eficiência ir embora.
Num primeiro momento, a permanência de Galindo à frente do negócio pode dar confiança aos investidores. Também conta a favor a baixa sobreposição das operações. A Anhanguera está mais presente nos estados do Sul e em São Paulo.
A Kroton se concentra em Minas Gerais, no Centro-Oeste, no Norte e no Nordeste. As operações também se completam nas categorias de ensino. Aulas presenciais são o ponto forte da Anhanguera. Já a Kroton é líder no ensino a distância. “A união das duas criou uma empresa extremamente competitiva. Isso a deixa muito forte”, diz Bruno Giardino, analista do setor de educação do banco Santander.
O negócio entre Kroton e Anhanguera pode dar início a uma onda de consolidação entre as maiores do setor. Grupos americanos, como Laureate, dono da Anhembi Morumbi, e DeVry, que possui operações no Nordeste, escolheram o Brasil para investir nos últimos anos.
A razão é simples:  a formação de grandes grupos privados de ensino ganhou uma nova dimensão no mercado brasileiro. Diferentemente do que acontece na Europa e nos Estados Unidos, há milhões de alunos sem vagas em universidades públicas.
É um público que especialistas chamam de “jovem trabalhador”: uma pessoa de 25 a 35 anos, da classe C, e em geral a primeira geração da família a ingressar num curso superior. Estima-se que 20 milhões de pessoas se encaixem nesse perfil no Brasil hoje, três vezes a população atual matriculada em universidades. Com a formação desse novo gigante do setor, a guerra para recrutá-las só começou.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

GOVERNO SUSPENDE BOLSAS DO CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS PARA PORTUGAL


MARIANA TOKARNIA - AGÊNCIA BRASIL - 23/04/2013 - BRASÍLIA, DF
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou hoje (24) o cancelamento do edital do programa Ciência sem Fronteiras para Portugal. As universidades portuguesas serão suspensas esse semestre do programa. Segundo o ministro, a intenção é que os candidatos aperfeiçoem ou aprendam uma segunda língua. `Os estudantes têm que enfrentar o desafio da segunda língua. Por isso todos foram convidados a migrar para outros países.
No início de março, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) havia anunciado que os estudantes inscritos para bolsas de estudos em Portugal poderiam transferir as inscrições para os Estados Unidos, o Reino Unido, a Austrália, o Canadá, a França, a Alemanha, a Itália ou para a Irlanda. Segundo a autarquia, foram 9.691 candidatos que apresentaram pontuação acima de 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), qualificação condizente com os critérios do programa. A justificativa foi de que `não é viável alocar esse elevado número de estudantes nas instituições portuguesas`.
O governo decidiu fechar as vagas. De acordo com balanço do ministério da Educação (MEC), 600 estudantes ainda não efetuaram a transferência. Eles terão o prazo aproximado de 10 dias para escolher um outro país de destino ou desistir da participação. `Como vão para outros países, eles terão cursos de outro idioma, isso tem que ser planejado antecipadamente, eles devem decidir o mais rápido possível`, disse o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva.
Mercadante anunciou também nesta quarta-feira, a aprovação de 17.282 bolsas para o programa. A lista dos estudantes contemplados será divulgada no site da Capes e do CNPq. Além dessas bolsas, serão concedidas ainda neste semestre bolsas de estudos para editais que ainda estão abertos e para os 600 estudantes que escolheram Portugal com destino. Ao todo, diz o ministro, o Ciência sem Fronteiras atingirá o patamar de 41.133 bolsas, sem contar com os editais que serão lançados no segundo semestre.
A meta para 2013 é conceder 45 mil bolsas. `O problema não é a meta. A demanda é alta e o potencial dos estudantes é alto. Estamos em abril e praticamente já cumprimos a meta`, diz Mercadante. `Temos excelentes alunos nas escolas públicas, que vão muito bem no Enem, mas que não tiveram a oportunidade de viajar e conhecer uma segunda língua. Não vamos deixá-los para trás. O programa veio para incluir quem tem talento, é para todos e a língua é um obstáculo que pode ser superado. Por isso todos terão que desenvolver um segundo idioma, isso é uma meta do programa`.
O ministro esclareceu também que estudantes que participam de outros programas de intercâmbio, como o Programa Conjunto de Bolsas para realização de Doutorado Integral, Doutorado Sanduíche e Duplo Doutorado na República Federal da Alemanha (Capes/DAAD/CNPq), nas áreas contempladas pelo Ciência sem Fronteiras podem ser incluídos no programa. `Não há sentido ter dois programas concorrentes. Os próprios estudantes querem ir para o Ciência sem Fronteiras, as exigências são as mesmas de outros editais, mas as condições são melhores`.
A transferência, de acordo com o ministro, possibilita a abertura de mais recursos que podem ser usados em programas que contemplem a área de humanidades - que não está incluída no Ciência sem Fronteiras.
O Ciência sem Fronteiras é um programa governamental que oferece bolsas de estudo no exterior. O objetivo do programa é promover a mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores e incentivar a visita de jovens pesquisadores altamente qualificados e professores seniors ao Brasil. A meta é qualificar 101 mil estudantes e pesquisadores brasileiros até 2015.
O programa oferece bolsas nas seguintes áreas prioritárias: ciências exatas - matemática, química e biologia-; engenharias; áreas tecnológicas e da saúde.

APRENDA PORTUGUÊS NA UNIVERSIDADE SEM PAGAR NADA
GILBERTO DIMENSTEIN - PORTAL APRENDIZ - 24/04/2013 - SÃO PAULO, SP
Sem pagar absolutamente nada – e apenas com um clique – é possível aprender português num programa criado para universitários. E mais: ganha-se certificado.
Em apenas uma semana 2.500 pessoas se matricularam.
Esse programa, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Tecnologias Sociais da PUC-SP mostra que o Brasil vai aderindo a essa maravilhosa onda de cursos gratuitos de qualidade, criado por universidades. Note-se que o aluno pode usar esse curso a distância como crédito. E, pela plataforma, pode interagir com alunos e professores.
Surpresa dos organizadores: a maioria dos matriculados nem é da universidade. Mas viram a chance de aprender algo de valor.
Por todos os lados do planeta prosperam esses recursos, os quais já começam a ser traduzidos para a língua portuguesa.
Volto a dizer que, por enquanto, nada substitui o valor do contato humano. Mas esses programas por internet devem ter o impacto na disseminação do saber que, no passado, teve Gutenberg, com a invenção do livro feito na prensa.

Informações: http://www.redu.com.br/moocs/preview


AdEUS A GUTEMBERG?
ALDO PEREIRA - FOLHA DE SÃO PAULO - 25/04/2013 - SÃO PAULO, SP
Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg (c. 1398-1468) não inventou a imprensa. Técnica de carimbar escritos em papel já existia na China cinco séculos antes de Gutenberg nascer. Em seu tempo, europeus tinham aprendido também a fabricar papel, outra milenar invenção chinesa, como sucedâneo de papiro e pergaminho.
Gutenberg tampouco inventou tipos móveis de metal: coreanos já os usavam no século 8. E a prensa de sua oficina era a mesma que, fazia séculos, espremia uvas para fabrico de vinho.
Donde então provém a glória de Gutenberg? Não apenas de ter integrado esses elementos num sistema eficiente. Também da inteligente transposição de técnicas de ourivesaria para artes gráficas: com martelo, punção, buril e cinzel gravou no ferro os primeiros moldes para fundição de tipos (`carimbos de letras`). Ou seja, de ter inventado a produção em série dos tipos até então entalhados na madeira um a um.
Com ponto de fusão relativamente baixo, sua liga de chumbo, antimônio e estanho (talvez na proporção 70/20/10) conferia aos tipos dureza suficiente para não se deformarem quando premidos contra o papel. Mas era também suficientemente dúctil para assumir forma precisa na fundição. Noutras proporções, essa requintada `receita` metalúrgica subsistiria em vários processos de fundição de tipos (inclusive linotipo) até o século 20.
O que muito favoreceu o sistema Gutenberg foi o livro já ter evoluído, na época, do formato `volumen` para o códex, isto é, do rolo contínuo para a pilha de folhas costurada na margem.
Além de viabilizar a impressão, essa mudança trouxe ao leitor meio prático de fazer buscas na Bíblia, em breviários e noutras obras religiosas que predominavam no mercado livreiro. O códex matou o `volumen` como o disco do computador mataria a fita e como o CD desbancaria cassetes de áudio e vídeo. Códex era já, em termos, o livro de hoje.
Ao baratear a produção de livros, panfletos e outros impressos, Gutenberg democratizou o saber, afrouxou o privilégio aristocrático e clerical de acesso a ideias e fatos.
Quanto Gutenberg teria vislumbrado do futuro cultural, econômico e político de seu sistema, não se sabe. A acuidade de sua visão técnica contrastava com a miopia comercial. Morreu falido, arruinado por contrato leonino firmado com certo agiota que o financiara.
A revolução de Gutenberg como que antecipou o vendaval internético que hoje desfolha jornais e revistas e os confina a refúgios de acesso pago. Ao mesmo tempo, o e-book (Kindle, Nook, Kobo etc., afora improvisações de outras engenhocas eletrônicas) leva à pergunta: hora do adeus às variantes do sistema Gutenberg de carimbar papel?
Talvez, mas até certo ponto.
Muita gente tem referido precedentes análogos: cinema não matou teatro, televisão não matou cinema nem rádio, discos e iPod não mataram o show. Começa a ganhar foco certo consenso de que, passado algum empurra-empurra de acomodação, uma seleção de jornais, revistas e decerto livros de papel continuará a ser impressa por prazo indeterminado. Por quê?
Porque a maior parte da confraria anônima de leitores sempre incluirá aquele que, mesmo sem repelir engenhocas, abre um livro novo e cheiroso com a expectativa juvenil de quem abre de par em par uma janela para o mundo das ideias, do sonho, da poesia e do saber, mundo de todos os mundos, reais e imaginários. Fetiche? Ah, volúpia do pecado inocente!
Seu lugar continua seu, caro Gutenberg --basta chegar um pouquinho para lá.

ABAIXO A IGUALDADE
HÉLIO SCHWARTSMAN - FOLHA DE SÃO PAULO - 25/04/2013 - SÃO PAULO, SP
Quando contava a meus amigos que estava escrevendo um livro intitulado `Contra a Equidade`, eles olhavam para mim como se eu tivesse chegado ao estágio final da loucura. Daria no mesmo se eu estivesse escrevendo `Contra as Mães` ou `Contra o Oxigênio``. A passagem, do filósofo Stephen Asma, foi extraída de `Against Fairness`, que foi lançado nos EUA em dezembro passado. O livro, como já sugere o título, traz uma crítica à noção de equidade --ou de igualdade, se quisermos traduzir `fairness` de modo um pouco mais provocativo--, que se tornou central para o Ocidente.
Com efeito, dispensamos à equidade um tratamento próximo ao de relíquia sagrada. Ela figura até no `caput` do artigo 5º da Constituição brasileira, arguivelmente o mais importante da Carta, que reza: `Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)`. É claro que muito disso não passa de conversa fiada, já que boa parte dos 78 incisos que se seguem, além de outros dispositivos constitucionais, nada mais faz do que estabelecer muitas distinções e das mais variadas naturezas.
De qualquer forma, o amor à igualdade ocorre também em nível visceral.
Nós todos condenamos o nepotismo, que entendemos como uma forma de corrupção, e aderimos incondicionalmente à ideia de `justiça social`. Dividimo-nos apenas na hora de definir se ela deve atuar no nível dos resultados, como sustentam os defensores de cotas raciais, ou de oportunidades, como clamam os proponentes da meritocracia.
O que Asma faz, e com competência, diga-se, é problematizar o conceito de equidade. Começa lembrando que estamos biologicamente programados para favorecer os mais próximos. Se mães não dessem tratamento preferencial a seus filhos e não protegêssemos com mais vigor nossos familiares e amigos, mamíferos e aves não seriam viáveis nem tampouco a vida em sociedade. `Preferir é humano. O amor é discriminatório`, escreve o professor de filosofia.
Hoje, sabemos até quais são os neurotransmissores mais intimamente ligados ao favoritismo. A bioquímica do amor está calcada na oxitocina e nos opioides endógenos. Sentimos prazer sempre que apoiamos os próximos.
Quando abandonamos o campo das ideias abstratas e entramos no da vida real, tendemos a relativizar um pouco nossas convicções excessivamente moralistas. Sim, condenamos magistrados e governantes que contratam seus filhos, mas não achamos tão ruim quando o dono de um bar chama a banda de seu irmão para tocar nas noites de sexta, mesmo sabendo que existem conjuntos melhores por aí em busca de um palco. É possível até mesmo construir uma boa argumentação para mostrar que haveria infração ética se o empresário não ajudasse o irmão.
Daí não decorre, é claro, que políticos devam ser autorizados a contratar seus parentes. A impessoalidade do poder público é um valor justificável, mas é preciso atentar se não estamos nos valendo de uma indignação seletiva, que não aplicaríamos a nossos amigos.
Agir em plena concordância com a cartilha da equidade é para santos, não para humanos, sustenta Asma. E é muito melhor e mais interessante ser humano do que santo. Ele cita até um trecho da autobiografia de Gandhi em que o líder indiano diz expressamente que quem busca o bem não deve cultivar amizades nem amores exclusivos, porque eles introduziriam lealdade, parcialidade, vieses e favoritismo.
O autor também descreve algumas situações que ele julga absurdas que são motivadas pelo culto à igualdade que acabamos criando. Ele conta que ficou chocado ao descobrir que hoje em dia as escolas premiam com medalhas todas as crianças que participam da prova de corrida. A ideia é poupá-las dos dissabores da sensação de derrota. Mas, neste caso, por que realizar a prova, que serve basicamente para discriminar entre vencedores e perdedores?
Uma defesa assim veemente do favoritismo poderia nos levar a classificar Asma como um neoliberal elitista, que não está nem aí para o sofrimento dos menos favorecidos. Fazê-lo, entretanto, seria um erro. Eu pelo menos não consegui vislumbrar nenhum viés de classe na obra do autor. Ao contrário, ele mobiliza seus conceitos para justificar cotas raciais e outras políticas rejeitadas por conservadores clássicos.
Para Asma, o problema das éticas consequencialistas é que elas praticamente exigem que todos recebam o mesmo tratamento, estabelecendo um igualitarismo forte. Quem leva esse aspecto às últimas consequências é Peter Singer que afirma que aqueles que já ganham o suficiente para viver com certo conforto têm o dever de doar o excedente para ajudar os que não tiveram tanta sorte. O cálculo do que cabe a cada um precisa ser totalmente imparcial e basear-se no princípio utilitário, que é o de levar o maior bem ao maior número possível de seres sencientes (vale lembrar que Singer é o grande inspirador dos direitos dos animais).
É fácil perceber que há uma série de paradoxos nos esperando na esquina. Se o filho de um desconhecido tem exatamente o mesmo valor que o meu, se o mendigo com que cruzo na rua exige a mesma consideração que dispenso a meu melhor amigo, então instituições como a família e a amizade ficam no limiar da inviabilidade. Para Asma, cada caso precisa ser considerado separadamente e de acordo com suas especificidades e detalhes circunstanciais.
No debate entre éticas consequencialistas e deontológicas, o filósofo fica com Aristóteles e o modelo da ética da virtude. Seus parentes próximos no mundo moderno são autores como Michael Waltzer, Michael Sandel e Alasdair MacIntyre, que tiram a ênfase do igualitarismo para colocá-la na comunidade. As pessoas se unem por vínculos variáveis, que podem estar na família, nos amigos, nos companheiros de culto, falantes da mesma língua, compatriotas etc. São essas relações que dão sentido à vida, muito mais do que os abstratos círculos éticos em expansão de Singer.
Segundo Asma, um experimento mental proposto por William Godwin no século 19 resolve a questão: você está no meio de um incêndio com mais duas pessoas e só tem a chance de salvar uma delas. A primeira é o arcebispo Fénelon e a outra é uma empregada. Fénelon está prestes a finalizar e publicar `As Aventuras de Telêmaco` (uma importante defesa dos direitos humanos), mas a empregada é a sua mãe. O princípio utilitário (maior bem para o maior número) exige que salvemos o religioso, mas o pronome `minha` diante de `mãe` faz com que esqueçamos quaisquer ideias sobre imparcialidade.
Concordo com Asma que é desumano exigir das pessoas que passem por cima da biologia para dispensar a todos a mesma consideração, mas continuo achando que essa precisa ser a lógica do Estado, que, afinal, é um ente abstrato que não se deixa influenciar nem por oxitocina nem por opioides endógenos. Mesmo que a igualdade de oportunidades não passe de uma miragem, penso que regrediríamos bastante se partíssemos do pressuposto de que, como a meta não pode ser atingida, não devemos nem sequer persegui-la.


segunda-feira, 22 de abril de 2013

KROTON SE TRANSFORMA NO MAIOR GRUPO EDUCACIONAL DO PLANETA

A Kroton Educacional anunciou nesta segunda-feira (22/04) a compra da Anhanguera Educacional. O negócio une a primeira e a segunda maiores empresas do setor no Brasil, criando uma gigante com valor de mercado perto dos R$ 12 bilhões. Segundo as empresas, o acordo foi assinado no último sábado (20/04) e estabelece a incorporação de ações da Anhanguera pela Kroton.
O anúncio do negócio surpreendeu. Não é de hoje que a Kroton busca o crescimento por meio da aquisição de empresas concorrentes, mas as especulações do mercado eram de que o alvo da empresa seria a Estácio e não a Aguanguera. Antes, a empresa já havia adquirido a Unopar, por R$ 1,3 bilhão, e Grupo Uniasselvi, por R$ 510 milhões. O modelo de gestão da Kroton e a sua fórmula para se tornar a rede de ensino mais rentável do Brasil já foram tema de uma reportagem de Época NEGÓCIOS em abril de 2012.
A operação está avaliada em R$ 13 bilhões e que cria o maior conglomerado educacional do planeta. As empresas auferiram, conjuntamente, R$ 4,3 bilhões de receita bruta nos 12 meses encerrados em 31 de dezembro de 2012 e possuem, somadas, mais de 800 unidades de ensino superior e 810 escolas associadas distribuídas por todos os Estados brasileiros, englobando um universo de aproximadamente um milhão de alunos no segmento de educação superior, educação profissional e outras atividades associadas à educação no Brasil. 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

No país das masmorras


MARCELO COELHO - FOLHA DE SÃO PAULO - 17/04/2013 - SÃO PAULO, SP
`Ora, francamente`, escreveu Marcos Augusto Gonçalves, nesta segunda-feira, sobre o tema da maioridade penal.
Ele tem razão: passamos todos os dias por crianças miseráveis e adolescentes drogados nas ruas de São Paulo, e quando um deles se torna assassino, surge a proposta de mudar a idade mínima para a responsabilização criminal.
Marcos Augusto pede desculpas pelo clichê: a saída está na educação. Novamente concordo, e concordo também com a impaciência do articulista quanto ao problema da idade penal em si.
Dezesseis ou 18 anos? Leio diversos artigos a respeito, e há argumentos que simplesmente não fazem sentido para mim. Comento um pouco. Diz-se, por exemplo, que o assunto não pode ser debatido num clima emocional.
Discordo disso. É natural que, quando um problema chama a atenção, discutam-se as soluções possíveis. Todo país tem dezenas, centenas de problemas. Depois de um incêndio, discutem-se as falhas de fiscalização da prefeitura. Seria melhor que o incêndio não ocorresse. Mas teríamos de esperar um clima de menor comoção para tratar do assunto?
Quem reclama da discussão `emocional` sabe que, nesses momentos, o problema é outro. A saber, o de que está em vantagem a tese do adversário.
Mas muitas teses simpáticas e liberais também entram em discussão em momentos de choque. Depois de acidentes em usinas nucleares, cresce o movimento pela energia alternativa. A tese do desarmamento, nos Estados Unidos, aproveita o mais recente massacre escolar.
O que haveria de errado nisso? De resto, todo mundo sabe que até determinada proposta se tornar lei, passa um tempo considerável. Confia pouco no `debate racional`, de todo modo, quem acha que só pode travá-lo num estado de indiferença generalizada.
De resto, pelo que li, o debate tem sido rico e detalhado. Há argumentos e mais argumentos contra a diminuição do limite penal, e eu mesmo já mudei de ideia umas três vezes.
Passo a outro raciocínio, entretanto, que não me convence, e é dos mais repetidos. Vai nesta linha: `Vocês querem diminuir para 16? E quando aparecer um assassino de 15 anos e meio? Diminui para 14? Para 12?`.
Obviamente esses limites são arbitrários. Mas eles se tornam mais realistas, ou mais absurdos, conforme uma realidade estatística. Se aumenta muito o número de criminosos com 16 anos, há argumentos para que essa idade passe a ser considerada para fins penais.
Não é o único argumento, claro. Pode-se dizer que aos 16 anos a personalidade de alguém não está plenamente constituída, e que seus atos não provêm de uma vontade tão autônoma, tão `responsável`, quanto a de quem tem 18 ou mais.
Tenho minhas dúvidas sobre isso, mas não importa. Passo a outro argumento. Prender o adolescente, ainda que em dependências especiais, seria submetê-lo a uma autêntica `escola do crime` --pois sabemos que as instituições existentes servem para tudo, menos para recuperar o criminoso.
Escolas do crime, sim. Mas e a rua? E a favela? E a escola pública? O crime organizado ensina os seus candidatos em toda parte. O raciocínio se encadeia a outro.
Na verdade, dizem os criminalistas, pelas leis atuais o menor infrator pode terminar mais tempo preso (ou `apreendido`, como estranhamente se diz) do que o marmanjo. De modo que diminuir o limite para 16 anos terminaria, em alguns casos, beneficiando o criminoso!
Ah, é? Mas quem defende a maioridade aos 16 anos também quer penas mais pesadas para os presos atuais. Não adianta dizer que o atual sistema é `bom`, pelo fato de que depois de poucos anos o assassino com mais de 18 está fora da cadeia.
Chegamos ao núcleo da questão. No estado atual das prisões brasileiras, é tão bárbaro prender quem tem 16 anos quanto quem tem 18 ou mais. Todos sabemos disso. O país não tem moral para exigir respeito à lei quando não tem moral para dizer: isto é uma prisão, você perderá a liberdade e aprenderá um ofício; trate de se recuperar.
Quem pede leis mais rigorosas simplesmente usa um eufemismo: queria que todo criminoso fosse fuzilado. Quem é contra leis mais rigorosas sabe que, na verdade, as que existem são outro eufemismo. Falam em `instituição correcional`, em `presídio`, quando deveriam dizer `campo de concentração`, `pocilga`, ou `masmorra`.
Antes, dizia-se `Carandiru`.

A crise dos institutos técnicos


OPINIÃO - O ESTADO DE SÃO PAULO - 16/04/2013 - SÃO PAULO, SP
Três meses depois do início do ano letivo, vários institutos técnicos federais continuam sem professores para lecionar determinadas disciplinas. Alguns institutos estão deixando de oferecer cerca de 200 aulas por dia e em vários cursos o currículo já está comprometido. Em São Paulo, uma das unidades mais prejudicadas é o Instituto Federal de São Paulo (IFSP), que foi criado em 1909 como Escola de Aprendizes Artífices. Com 6,5 mil alunos, o IFSP chegou a obter, em 2009, a nota mais alta entre as escolas públicas no Exame Nacional do Ensino Médio.
A crise dos institutos técnicos federais foi retratada recentemente por um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU). O documento mostra que faltam 7.966 professores em toda a rede. Segundo os auditores do TCU, a contratação de professores para preencher essas vagas é muito lenta, o que prejudica o atendimento em laboratórios.
Os auditores também constataram que o currículo de muitos cursos está desconectado da realidade social e econômica das cidades em que estão instalados. E afirmam que mais de 60% dos formandos criticam a qualidade das aulas, além de reclamar da falta de professores.
Como os salários pagos são baixos e o MEC só tem aberto concurso para professores substitutos, não há candidatos interessados em lecionar nos institutos técnicos federais. `Houve concurso que já abri quatro vezes. Simplesmente não aparecem candidatos`, diz o diretor-geral do Instituto Federal de São Paulo, Carlos Alberto Vieira. Os professores substitutos ganham R$ 4.650. Os professores dão preferência às universidades federais, que pagam cerca de R$ 6.041.
A falta de docentes nos institutos técnicos federais mostra que a presidente Dilma Rousseff não está conseguindo cumprir a promessa de fazer da educação uma das prioridades de sua gestão.
No início de seu mandato, ela lançou o Ciência sem Fronteiras - um programa que oferece bolsas de estudo para que universitários possam estudar no exterior. Também investiu na expansão da rede de institutos federais, mobilizando Ministérios, Estados e municípios para agilizar a implementação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. Atualmente, a rede conta com 365 institutos. A construção de outros 88 deve ser concluída em dezembro e mais 120 devem ser inaugurados em 2014.
Por preparar jovens para o mercado de trabalho e amenizar o problema da escassez de mão de obra qualificada, iniciativas como essas seriam bem-vindas, caso fossem implementadas de forma responsável, com base em consistentes projetos pedagógicos.
Mas, por causa dos interesses eleitorais do governo, esses programas têm sido implementados de modo açodado. Além da falta de docentes, os novos cursos têm carga horária considerada insuficiente, não integram de modo adequado o currículo do ensino médio regular com disciplinas técnicas e aceitam alunos com baixa escolaridade.
`Poderemos ter surpresas na avaliação final do programa quanto à real eficiência pedagógica e social dessas iniciativas`, diz Gabriel Grabowski, ex-superintendente Estadual de Educação Profissional do Rio Grande do Sul e consultor da Unesco. `O mercado de trabalho valoriza o profissional especializado. Logo, quanto melhor é o currículo do curso técnico, maior é o retorno em termos de remuneração`, afirma Naércio Menezes Filho, professor do Insper.
Para o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Marco Antonio Oliveira, `a rede de institutos técnicos federais está passando pela maior expansão de sua história` - e a falta de professores `é resultado disso`, explica. Segundo Oliveira, para este ano está planejada a contratação de 8 mil docentes, para acabar com o déficit apontado pelo TCU, e de 6 mil servidores técnicos.
Esses problemas são fruto de uma decisão equivocada do governo Dilma. Porque quer fazer da educação uma bandeira para a campanha pela reeleição, ela estimulou a expansão da rede federal de institutos técnicos sem o planejamento adequado. Ampliar a rede é fácil - o desafio é fazê-la funcionar como deve.

Prêmio busca ideias para solucionar desafios globais


PORVIR - TERRA EDUCAÇÃO - 17/04/2013 - SÃO PAULO, SP
Todo mundo já está cansado de saber que o Thomas Edison, por exemplo, inventou a lâmpada com 16 anos; que o Steve Jobs criou a Apple aos 21 e que Zuckerberg criou o Facebook aos 20. Mas chega de histórias e frases motivadoras, é hora de colocar a mão na massa. A terceira edição do Concurso Anual Jovens Inovadores da União Internacional das Telecomunicações está com inscrições abertas.
O evento é aberto para jovens com idades entre 18 e 26 de todo o mundo e tem como objetivo buscar alternativas que possam impactar, por meio da tecnologia, alguns dos desafios globais, em que estão incluídas, entre outras, questões relacionadas a metas do milênio, direitos humanos e da criança, igualdade dos sexos, assistência humanitária e migração.
Os jovens empreendedores devem propor soluções, voltadas para o mercado de trabalho, que utilizem tecnologia de ponta, como a realidade aumentada, aplicativos móveis e impressão 3D. Entre os problemas que deverão tentar resolver estão a falta de oportunidade de emprego para jovens e trabalhadores migrantes; o desperdício de água e alimentos; dificuldade no acesso a serviços públicos para idosos; melhoria da previsão de desastres naturais; segurança rodoviária para motoristas e pedestres e a proteção de dados confidenciais na rede.
Para participar, o empreendedor pode apresentar seu projeto de duas maneiras: a primeira delas é sob a forma de um conceito, com ideias documentadas que ainda não foram implementadas. A segunda é por meio de uma startup que já esteja em funcionamento, mas que precise de financiamento para ter mais alcance.
Os dez melhores trabalhos serão premiados com a oportunidade de apresentar suas ideias para os líderes da indústria no Telecom World 2013, em novembro em Bangcoc, na Tailândia, bem como ganhar financiamento entre US$ 5 mil e US$ 10 mil, orientação e apoio contínuo. As inscrições estão abertas até 30 de junho.
Para se inscrever, é necessário completar o formulário de candidatura no site do evento e enviá-lo para young.innovators@itu.int com, com a frase “2013 Young Innovators Competition” no assunto do e-mail.

Cursos de Stanford de graça na internet


LIGIA AGUILHAR - O ESTADO DE SÃO PAULO - 16/04/2013 - SÃO PAULO, SP
Cansado de ver os cursos da prestigiada Universidade de Stanford limitados a uma parcela pequena de alunos privilegiados, o professor do Instituto de Computação e Engenharia da Universidade, Amin Saberi, criou um projeto para levar as aulas da instituição para a internet gratuitamente. Na segunda-feira, 15, ele lançou a NovoEd, startup desenvolvida em parceria com sua aluna de PhD Farnaz Ronaghi.
Já estão disponíveis no site cursos sobre criatividade, empreendedorismo, finanças, dentre outros. São sete cursos gratuitos para o público em geral e outro dez especialmente para alunos de Stanford.
A diferença do NovoEd e outros sites similares de educação à distância é um maior apelo para a interatividade. As aulas são criadas com base em exercícios realizados em grupo que obrigam os alunos a trocar ideias, validar o trabalho do outro e simular ao máximo o ambiente de um aula tradicional.
A ideia surgiu após Saberi conversar com outros professores de Stanford e descobrir que a maioria tinha vontade de levar seus cursos para a internet, mas não o faziam por achar que o modelo tradicional não permitia o nível de interatividade que eles desejavam.
Para combater o isolamento das aulas online, os cursos têm como premissa estimular a interatividade entre os participantes. Ferramentas como o Google Hangout, Twitter e Facebook são alguns dos meios usados para colocar os alunos de diferentes partes do mundo em contato e, muitas vezes, formar grupos para fazer atividades. ”Juntos, os estudantes criam uma força que mantém a atenção, o interesse e o engajamento durante a aula”, diz Saberi no site.
O modelo da startup foi testado por meio de uma plataforma criada no site da Universidade de Stanford chamada Venture Lab. O curso “Empreendedorismo Tecnológico” atraiu 40 mil estudantes de 150 países na fase de testes. Segundo o professor, durante as aulas os alunos formaram equipes para executar projetos. Os 200 melhores grupos encontraram mentores para ajudar no desenvolvimento de planos de negócios e as 20 melhores ideias fizeram um pitch para investidores. Ao final do curso, muitas empresas foram criadas e chegaram a receber investimento.
O sucesso estimulou aluna e professor a se dedicarem ao desenvolvimento da startup lançada ontem na internet. A NovoEd recebeu investimento semente de cinco fundos e diversos investidores-anjo.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Governo assina decreto que zera alíquota de PIS/Cofins para smartphones



Incentivo ao setor é dado dentro do Programa de Inclusão Digital
09/04/2013 10:30 - Agência Estado


BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff assinou nesta terça-feira (09) decreto que zera as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente de venda de smartphone, tipo de celular que permite acesso à internet. O incentivo ao setor é dado dentro do Programa de Inclusão Digital. Para garantir o benefício, o valor de venda, a varejo, desses produtos não poderá exceder a R$ 1,5 mil.
Por meio do Decreto nº 7.981, o governo também zera a alíquota dessas contribuições para roteadores digitais e promove outras alterações no Decreto nº 5.602, que regulamenta o Programa de Inclusão Digital. A norma determina que o incentivo "alcança somente os bens produzidos no País conforme processo produtivo básico estabelecido pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e da Ciência, Tecnologia e Inovação".