Edney Silvestre - G1 Globo.com -
04/09/2012 - Rio de Janeiro, RJ
Os cursos
técnicos podem ser uma ótima opção para quem
ainda não escolheu que carreira seguir ou quer mudar de área.
Uma pesquisa mostra que os salários em alguns setores da
indústria são maiores do que os de profissionais com
nível superior.
Vinicius Ferreira
da Cruz é técnico em soldagem. Em uma multinacional, ele
controla a qualidade da solda de tanques para fabricação de
gases de acordo com as normas dos diversos países do mundo para onde
a empresa exporta. Aos 27 anos, Vinicius já pode pensar em se casar,
como queria há um bom tempo. Ele ganha hoje três vezes mais do
que quando era caldeireiro, seis anos atrás. O salário de
Vinicius não é exceção.
Um estudo do Senai
mostrou que trabalhadores de muitas áreas técnicas ganham
mais do que profissionais com diploma universitário, como
médicos, advogados, analistas de sistemas e desenhistas industriais.
Segundo o levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial, a remuneração média de começo de
carreira para trabalhadores de 21 ocupações técnicas
é de R$ 2.085,57.
Em Pernambuco,
chega a R$ 2.545. É superior ao recebido de médicos
recém-formados. Em Goiás, ultrapassa o de novos advogados: R$
2.465. Em São Paulo, chega a R$ 2.838, superior ao de desenhistas
industriais e analistas de sistemas. O que mudou a vida de Vinicius foi um
curso técnico.
“Foi quando
aqueceu a indústria naval e eu percebi que a área de soldagem
era muito carente. Eu optei por fazer o curso técnico de soldagem
devido à carência da área”, explica o
técnico em soldagem.
Com a mesma
esperança, jovens estudam 20 horas por semana em um curso
técnico. Será assim por dois anos e meio.
“Meu foco
inicial é terminar o meu curso técnico, arrumar um emprego na
área, e posteriormente dentro da indústria, quando eu
já tiver lá dentro, direcionar para outra área, alguma
coisa que seja dentro do que a indústria pede”, conta Fabio
Merathi de Medeiros, técnico de informática.
Pelo futuro como
técnico, Diego vai deixar de lado uma carreira militar.
“O Brasil
hoje em dia necessita muito dessa mão de obra. Muitas grandes
empresas estão procurando e tentando resgatar o máximo desses
alunos pra poder incluir no mercado de trabalho”, diz Diego da Silva
Sales, militar.
Eles sairão
daqui técnicos em automação industrial com
salário inicial em torno de R$ 2.400. Ainda são raridade.
“A nossa estrutura é fortemente voltada para a
educação regular e não para a educação
profissional. Na Alemanha, dos jovens entre 15 e 19 anos, 53% tem
educação profissional. No Brasil, esse número é
apenas de 6,6%”, diz o diretor-geral Senai, Rafael Lucchesi.
Muito
requisitados, profissionais como Vinicius podem alcançar aumentos de
até 160% do salário inicial. No momento, existem no Brasil
dois milhões e 400 mil trabalhadores com nível
técnico. E quem tem 10 anos de experiência está
ganhando, em média, R$ 5.690. Ou seja, mais de nove salários
mínimos.
“O
fundamental é levar essa informação para a juventude.
Que ela pode, sim, apostar na educação profissional na sua
visão de carreira futura”, aponta o diretor-geral Senai.
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