terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Faculdades pagou, passou

Estado de Minas, 31/01/2012 - Belo Horizonte MG 
José Eloy dos Santos Cardoso - Economista, professor e jornalista

O artigo do professor Reginaldo Gonçalves publicado no Estado de Minas sob o titulo ‘Faculdades em xeque’ (Opinião, 29/1/2011) retrata muito bem os tempos de hoje, em que, para aumentar o número de diplomados, são criadas entidades de ensino superior sem nenhuma condição de funcionar. Que o digam os exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em seus testes para conceder uma carteira de advogado a quem completou o curso de direito. Fui professor universitário por mais de 30 anos e posso dizer, de cadeira, como estão sendo formadas pessoas sem nenhuma condição de exercer uma profissão. 

A Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) recebeu os antigos cursos da Faculdade Municipal de Ciências Econômicas (Famce) em 1969, quando era apenas Universidade Católica de Minas Gerais, (hoje, Pontifícia). Ao receber da Prefeitura de Belo Horizonte os cursos oferecidos pela antiga Famce e também todos os seus professores, funcionários, livros e outros ativos, ela logo buscou aprimorar a formação de contadores, economistas e administradores, que hoje são orgulho de Minas Gerais e do Brasil. Há nesses cursos da PUCMinas atualmente um modelo de formação de profissionais não só nessas áreas, mas em todas as que são oferecidas por essa universidade, modelo brasileiro de entidade particular de ensino. Ela vem mostrando isso a todo o país. A PUC mineira forma profissionais que nossa nação espera e conta com professores de nível superior de qualidade compatível com as melhores universidades brasileiras e até estrangeiras. O professor Reginaldo Gonçalves tem toda a razão de reclamar dos níveis de profissionais formados de qualquer maneira por várias outras faculdades pelo Brasil afora.

O problema é que as facilidades de fundação e funcionamento, largamente difundidas e facilitadas pelo governo federal, não condizem com as necessidades de o Brasil alcançar excelentes níveis de desenvolvimento. O problema não é exclusivo dos cursos de economia, administração, ciências contábeis ou direito. Diz respeito a vários outros ramos profissionais cujos bacharéis com diploma não empatam com suas capacidades de exercer uma profissão. A simples condição de ter professores pós-graduados ou com mestrado não significa que esses profissionais estão em condições de exercer a nobre carreira de professor em qualquer área. Ultimamente, tem sido até fácil fazer uma especialização ou mestrado. É dever de cada empresa que contratá-los verificar se, na prática, eles têm condições de assumir o trabalho de mestres, mesmo que possuam condições jurídicas para tal.

É uma missão difícil para as empresas ou consultorias de head hunters. Hoje, não está nada fácil essa missão. Uma prova disso é que as empresas brasileiras estão contratando aos montes os estrangeiros aptos a ocupar os lugares que os profissionais brasileiros não estão podendo ou não têm as mínimas condições de contribuir para o desenvolvimento e o crescimento do Brasil e que o mundo inteiro está exigindo.

O Ministério da Educação (MEC), como órgão que fiscaliza e regula as instituições de ensino, é o responsável pelo diagnóstico da situação operacional e financeira de cada faculdade, universidade, inclusive pelo atendimento das diretrizes instituídas formalmente pelas leis brasileiras. A simples busca pela lucratividade dessas ditas faculdades, é apenas um problema a mais a ser resolvido. É claro que quem coloca o capital de risco precisa se assegurar de que ele dará algum retorno para evitar os futuros choques de gestão. A grande preocupação brasileira é permitir, em nome da situação econômica e financeira de cada organismo de ensino, o exercício do magistério por professores inaptos para a função dos autênticos mestres que existiram no passado. Os sindicatos de professores não têm condições técnicas ou administrativas para entrar nesse perigoso e incerto imbróglio. Caberia ao MEC fazer isso. Se ele não tem condições para essa tarefa, coitado do Brasil que esperamos no futuro. O mercado de capitais que almeja só lucros para seus acionistas é uma coisa. Fabricar lucros em detrimento do Brasil e dos brasileiros é outra. Cumpre a todos fiscalizar isso não deixando que nossos filhos e netos frequentem as chamadas faculdades do tipo pagou, passou. Seremos fatalmente punidos por mais essa irresponsabilidade.

Faculdade particular de Pernambuco vende mudas para alunos em troca de créditos de atividades extracurriculares

UOL Educação, 31/01/2012 
Carol Guibu do UOL, em Recife

Estudantes da Faculdade Maurício de Nassau acusam a instituição de "vender" horas de atividade complementar. Para se formar na instituição são necessárias cerca de 200 horas de atividades extracurriculares que, segundo o MEC (Ministério da Educação), podem ser cumpridas com participações em congressos, seminários, palestras, conferências, cursos de extensão, iniciação científica ou monitoria. De acordo com os alunos, a faculdade, através de campanhas periódicas, permite que eles adquiram produtos em troca da carga horária -- eles são incentivados a comprar mudas de plantas, cestas básicas ou livros da própria faculdade. A instituição se encarregaria também de doar esse material.
No segundo semestre do ano passado, por exemplo, houve uma campanha de venda de mudas -- a cada duas plantas adquiridas, o estudante "cumpria" uma hora de atividade complementar. De acordo com o panfleto da ação, o objetivo era “ajudar a faculdade a plantar um mundo mais verde”. Para um estudante que não quis se identificar, a “venda de objetos em troca de atividade complementar é apenas um paliativo para os alunos que estão para se formar e ainda não completaram as horas necessárias para isso”. “Como eu já estava sem saber o que fazer para ter essas horas extras, acabei comprando alguns livros, mas, mesmo assim, acredito que este não é o certo para o meu crescimento pessoal e profissional”, admite o estudante. Para o diretor do Procon-PE, José Rangel, o procedimento é “absolutamente ilegal e irregular”. “É um absurdo trocar conhecimento por planta”, afirmou Rangel. De acordo com Rangel, caso sejam confirmadas as denúncias, o órgão acionará o MEC e o Ministério Público de Pernambuco para tomar as devidas providências. Outro lado - A direção da faculdade respondeu, através de nota oficial, que segue as normas dispostas pelo CNE (Conselho Nacional de Educação). Ainda de acordo com a nota, a instituição criou “projetos de responsabilidade social, sem fins lucrativos (…) que se estrutura através de ações voluntárias dos alunos”.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

NOTICIAS - EDUCAÇÃO SUPERIOR

Falta de ética na educação
Estado de Minas, 25/01/2012 - Belo Horizonte MG

É negativa a aliança entre o aluno que quer se formar logo e o docente despreparado 
Hildelano Delanusse Theodoro - Professor, sociólogo e coordenador do Núcleo de Inovação Santo Arnaldo da Faculdade Arnaldo

Apesar de ser muito discutida e pretensamente entendida, a palavra ética tem um contorno muito vinculado com a formação do caráter humano, principalmente quando considerada sob a ótica clássica de sua definição aristotélica. E mesmo com inúmeras outras possíveis definições, a aqui colocada serve como mote para uma discussão urgente dentro das instituições de ensino superior (IES): o aumento assustador da falta de ética profissional docente. O tema aqui se refere não somente ao baixo nível das discussões que ocorrem em salas de aula, com o favorecimento explícito ao aluno-cliente, frente ao posicionamento autônomo dos professores, como, principalmente, ao fato de que uma grande parte dos docentes, hoje em dia, sequer é formada nas áreas em que lecionam, ou terem qualquer tipo de experiência comprovada e qualificada para tanto. E se levarmos em conta as orientações contidas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), instituída por portaria ministerial em outubro de 2002, o tamanho da desfeita se torna ainda maior. Atualmente, o número de professores sem graduação/pós/experiência em determinadas áreas, principalmente de humanas, para lecionar disciplinas vinculadas à ética profissional ou movimentos sociais, por exemplo, é assustador e se torna cada vez mais comum dentro das IES.
Afinal, a pergunta a fazer não deveria ser tanto o que é necessário para uma postura ética, e sim, quais as qualificações para o exercício de atividades de ensino superior vinculadas ao tema. De outra forma, continuaremos a produzir o que se vê diariamente nas salas de aulas: um conjunto de alianças entre o aluno que quer apenas se formar o quanto antes e de qualquer forma (mesmo que para tanto tenha de se utilizar de mecanismos escusos) e o pseudo-docente, que, mesmo sem ter a formação adequada, deseja mesmo é receber pela carga horária referida e, ao mesmo tempo, indevida (uma vez que poderia, teoricamente, aprender a repetir sobre os conceitos éticos em qualquer livro). Mas o verdadeiro problema, talvez, não se esconda simplesmente nessa relação utilitarista e distante da formação do caráter do princípio ético, tão necessário nesse país, que favorece o jogo das aparências sociais e onde os currículos muitas vezes não são comprovados nem demonstrados na prática cotidiana das instituições.
O fato é, assim, como elas podem melhorar a si mesmas, a partir de um posicionamento mais claro e crítico de seus interesses e objetivos de atuação, dentro de um mercado educacional que se encontra em processo de crise: por um lado tem de buscar novos alunos, e por outro, deve tentar buscar excelência. O único porém que se pode identificar claramente é que ética, assim como a excelência, estão intrinsecamente vinculadas ao estado de ser bom e correto no mais alto nível, no ensinamento pelo exemplo. O que se percebe, ao mesmo tempo, é que isso talvez seja tudo o que nos falta, pois só pode nos ensinar sobre ética (assim como sobre qualquer disciplina) aquele que sobre tal pensou, estudou e agiu, sendo isso o reconhecimento do mérito. Normalizar sobre o desvio no ensino superior pode nos levar a caminhos ainda mais tortuosos e, possivelmente, sem volta.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

FACULDADE DE DIREITO DE GARANHUNS É A 5ª MELHOR DE PERNAMBUCO

F D G

Mais uma vez a Faculdade de Direito de Garanhuns - FDG, instituição mantida pela AESGA, é destaque no cenário da Educação no Estado. A instituição que em 2011 estava em 9º no ranking , ocupa em 2012 o 5º lugar das 10 melhores faculdades de Direito de Pernambuco em aprovações de alunos no Exame de Ordem da OAB. É uma evolução importante, haja vista que a FDG subiu 4 posições em apenas um ano. Parabenizamos a todos os coordenadores, docentes e alunos que fazem esta faculdade de Excelência.

UP
INSTITUIÇÃO
INSCRITOS
APROVADOS NA 1ª FASE
APROVADOS NA 2ª FASE
% DE APROVADOS
1
UFPE - Recife
71
66
55
78,57
2
UNICAP - Recife
522
326
178
34,63
3
FACAPE - Petrolina
101
73
34
33,66
4
Faculdade Damas - Recife
22
13
6
27,77
5
FDG - Garanhuns
98
42
23
23,96
6
FBV - Recife
40
20
9
23,08
7
FADICA – Caruaru
236
121
51
22,08
8
Faculdade Maurício de Nassau - Recife
375
105
74
20,16
9
FIR – Recife
267
132
46
17,56
10
Faculdade Marista - Recife
30
14
5
16,67

domingo, 22 de janeiro de 2012

POLÍTICA, CONHECIMENTO E GESTÃO


Agecia OGlobo
22/01/2012

RIO - A demissão de sete ministros, seis deles sob suspeita de irregularidades na pasta não abalou a imagem da presidente Dilma Rousseff no primeiro ano de seu governo. O índice dos que consideram sua gestão ótima ou boa teve um salto de 10 pontos percentuais em seis meses e chegou a 59% de acordo com pesquisa Datafolha divulgada neste domingo. O número é superior a todos os ex-presidentes que a antecederam desde a redemocratização, incluindo seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, com 42% e 50% de aprovação em seus dois mandatos, respectivamente, nesse mesmo período em que esteve à frente do Planalto.
Sua gestão foi considerada regular para 33% dos entrevistados, e outros 6% a veem como ruim ou péssima, índice cinco pontos menor que na pesquisa realizada em agosto. Apenas 2% não souberam responder. Já a nota média do governo é de 7,2%. Os números da enquete revelam ainda que o otimismo com a economia ajuda a sustentar popularidade.
Dilma superou de longe o primeiro ano de Fernando Collor, cuja aprovação foi de 23% em sei primeiro ano de governo. Fernando Henrique Cardoso obteve 41% e 16% no segundo. Sua imagem pessoal é vista como "decidida" para 72% dos brasileiros e "muito inteligente" para 80%. Já 70% a consideram "sincera".
O levamento demonstra também que a avaliação de Dilma melhorou entre homens (56%) e mulheres (62%), em todas faixas de idade, renda familiar e escolaridade.
Já entre os que estudaram até o ensino fundamente ela foi aprovada por 61% dos entrevistados e repetiu a média de aprovação de 59% quando perguntado para os que chegaram ao ensino superior. Na faixa dos que ganham de cinco a dez salários mínimos atingiu 61% de aprovação, seu maior avanço.
Cresce expectativa de melhora econômica
A economia explica, segundo o instituto de pesquisa, a evolução dos números. O índice dos que acreditam que a situação econômica vai melhorar subiu de 54% em junho para 60% no primeiro mês do ano. Também cresceu o dos otimistas com a economia, de 42% para 46%.
Foram ouvidas 2.575 pessoas entre os dias 18 e 19 de janeiro e a margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou para menos.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

RECONHECIMENTO DE DIPLOMAS DO EXTERIOR PODE FICAR MAIS SIMPLES

Os diplomas concedidos a estudantes brasileiros por instituições estrangeiras de educação superior de "reconhecida excelência acadêmica" poderão ter revalidação automática no Brasil. A medida consta do Projeto de Lei do Senado (PLS) 399/11, do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que está tramitando na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). A matéria ainda será analisada, em decisão terminativa, pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
O projeto inclui os diplomas de graduação, mestrado e doutorado entre os que podem vir a ter revalidação ou reconhecimento automático. E estabelece que o Poder Público divulgue periodicamente a lista de cursos e instituições que poderão vir a ser beneficiados pela medida. A proposta está sendo analisada pelo relator, senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Ao justificar sua proposta, o autor recorda que um número cada vez maior de brasileiros tem procurado universidades estrangeiras, para fazer cursos de graduação e de pós-graduação. Essa tendência, como observou, tende a crescer com o prometido envio de 75 mil estudantes ao exterior, dentro do programa do governo federal de estímulo à formação de novos profissionais em ciências e engenharias.
Quando retornam ao Brasil, prossegue o senador, muitas vezes os estudantes precisam enfrentar longos e caros processos de revalidação dos diplomas que obtiveram no exterior. São frequentes, como recordou, relatos de procedimentos "excessivamente caros, pouco transparentes, demorados e arbitrários". Ele apresentou seu projeto como forma de ajudar a agilizar e desburocratizar esse processo.
- Propomos que seja dado tratamento diferenciado aos diplomas de graduação, mestrado ou doutorado oriundos de cursos de instituições de ensino superior estrangeiras de indiscutível excelência acadêmica. Os graduados desses cursos, identificados e periodicamente divulgados pelo Ministério da Educação segundo critérios estabelecidos em regulamento, poderiam beneficiar-se do reconhecimento ou revalidação automática - afirma Requião.
Marcos Magalhães / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Assuntos Relacionados: Cultura , Defesa Nacional , Educação , Esporte , Governo , Relações Exteriores