quinta-feira, 1 de setembro de 2011

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Equívoco na educação

Rio - O Brasil está produzindo crianças escolarizadas que são analfabetas. Estão tendo o seu direito de aprender negligenciado. Chegam ao terceiro ano do Ensino Fundamental, fim do ciclo de alfabetização, sem condições de ler e de fazer operações simples, de adição e subtração. Os resultados da Avaliação Brasileira do Fim do Ciclo de Alfabetização (Prova ABC), aplicada a 6 mil estudantes de todas as capitais, indicam que a situação é pior nas escolas públicas. O percentual de alunos que não aprenderam o que era esperado chega a 44% da totalidade.
Os números também mostram diferenças entre as regiões brasileiras. Na rede pública do Nordeste, apenas 21% dos estudantes foram aprovados no teste da escrita e, no Sudeste, 54% conseguem passar. A escolaridade média na região nordestina não passa de 5 anos. Dos 14 milhões de brasileiros maiores de 15 anos que não sabem ler e escrever, 7 milhões vivem no Nordeste. Quando se percorrem os grotões, percebe-se a distância da chamada modernidade.
As vias são precárias, crianças andam a pé distâncias quilométricas para chegar à escola.
Falta, em nosso país, uma política educacional de equalização regional, como já acontece na Índia. Num projeto-piloto no Estado de Kerala, região semelhante ao nosso Nordeste, o poder público implantou políticas sociais decisivas com a expansão da educação básica e dos serviços de saúde. A alfabetização hoje chega a 90%, ante a média nacional de 70%, caso de transformação radical de uma realidade que um dia foi semelhante à região nordestina. A alfabetização em nosso país desafia o MEC a investir mais ainda nos 3 primeiros anos do Ensino Fundamental. Este período é decisivo para a formação dos jovens no ensino básico e superior. É equivocada a ênfase dada pelo governo federal insistindo em priorizar universidades públicas. Os problemas da educação não estão no acesso ao Ensino Superior, mas na formação deficiente proporcionada nos níveis infantil e fundamental. Educação deve ser uma política de Estado, séria, não demagógica, sem esperar resultados a curto prazo.


O Dia, 30/08/2011 - Rio de Janeiro RJ
Carlos Alberto Rabaça - Sociólogo e professor

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